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UM MERA RIXA BAIANA – POR SAMUEL CELESTINO

Publicado em: 12/7/2015

por Samuel Celestino

Coluna A Tarde: Uma mera rixa baiana
A derrocada que se observa e derruba devastadoramente a popularidade da presidente Dilma Rousseff, consequência da corrupção que se generalizou nos governos petistas a partir da Petrobras, e que, agora, se espraia em forma de uma crise econômica com poucos precedentes no país, afinal, chegou, por via travessa, à Bahia. Não de forma direta, mas indiretamente em através de um confronto verbal entre o prefeito de Salvador, ACM Neto e o ex-governador Jaques Wagner, ora ministro da Defesa. Rixa política que provavelmente não terá maiores consequências. Mas é sinal das sérias dificuldades que o PT atualmente enfrenta.

Tudo partiu de um discurso feito pelo prefeito no Subúrbio Ferroviário em que ele dissera, isto na semana passada, que na sua gestão não havia “nem mensalão nem petrolão”. O que poderia ter se perdido no discurso suburbano do prefeito chegou aos ouvidos do ministro Wagner. Daí à crise foi um passo que contaminou parte do PT estadual. De certo modo, o conflito que desapareceria provavelmente na esquina, serviu para balançar a política baiana que anda fria como de há muito não acontece.

É certo que não se trata da política provinciana, tão somente. Alcança outras unidades da federação, porque a crise, na verdade, está implantada em Brasília mais especificamente dentro do Palácio do Planalto, onde a presidente perde, de forma avassaladora, a popularidade que granjeava. O seu governo foi o responsável com o  alastramento da incompetência gerencial. Como consequência, os brasileiros estão a pagar um grave preço. O curioso entre o confronto de Wagner e Neto é que o próprio PT, especialmente Lula, tem feito críticas ao governo Dilma, e ela parece não dar muita importância, ou faz de conta que não dá.  Uma parte do seu partido reverbera as críticas. Com isso, o PT está a pagar o preço e desce a ladeira como partido político.

Assim posto, o desencontro entre Wagner e Neto, em comparação com o que ocorre na República, não passa de uma rusga localizada, quase infantil. O jogo que ocorre no Congresso Nacional este, sim, se desenvolve de forma pesada com a base de sustentação presidencial perdendo seguidamente votações nas duas casas do legislativo, não somente a partir dos partidos de oposição, mas, também, com a participação do “aliado” PMDB. O que se depreende deste jogo é um processo para desgastar a presidente e, se possível, levá-la ao impeachment (o que os petistas denominam de golpe) isto se o Tribunal de Contas da União condenar Dilma a partir das chamadas “pedaladas fiscais”. De qualquer maneira, impeachment ou “golpe” a mim me parece uma fantasia.

Um exemplo do desgaste que a ela está sendo imposto – para citar apenas um dentre muitos – foi a manobra ocorrida no meio da semana finda quando um projeto foi aprovado vinculando o aumento do salário mínimo a um percentual extensivo aos aposentados. Seria muitíssimo justo se o tesouro nacional estivesse em condições de bancar o que de há muito se defende. Trata-se, porém, de uma manobra política para desgastar ainda mais Rousseff, que terá que vetar o projeto estabelecendo uma situação singular: ou o Congresso derruba o veto ou o seu desgaste será (de qualquer forma acontecerá) estendido a milhões de aposentados Brasil afora.

Retornando à política baiana que a cada dia se amiúda tornando-se insossa, a cada dia vê-se perder por ela o interesse, tanto no executivo como no legislativo. Assim tem sido nos últimos anos. Talvez seja um reflexo da política que se pratica em Brasília, onde a corrupção se espraia. Foi-se o tempo dos políticos brilhantes. É possível que o que ora ocorre tenha muito a ver com a crise econômica e com a corrosão dos partidos políticos.

De qualquer maneira, há uma reforma política em marcha que estabelece mandatos únicos de cinco anos. Mas não basta apenas isso. Clama-se pela redução das legendas e a diminuição do Estado, nos ministérios e nas secretarias estaduais, que multiplicam  os cargos públicos entregues aos políticos que acabam por diminuir os recursos destinados a diversos setores, especialmente os da saúde e educação.
* Coluna publicada originalmente na edição deste domingo (12) do jornal A Tarde

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