Bem Vindo ao Correio do Oeste - 11 Anos Alimentando Você com Informações Políticas !

SAMUEL CELESTINO: PSB BALANÇA A SUCESSÃO

Publicado em: 22/9/2013

samuel,P20nova.jpg.pagespeed.ce.S-u9qWj1AE

O primeiro movimento político mais contundente da sucessão presidencial chegou na última quarta feira, por conta do PSB, que resolveu entregar os cargos que tem na República, afastando-se, sem contencioso, de Dilma Rousseff. Praticamente, declarou a candidatura de Eduardo Campos, governador de Pernambuco. Eduardo está agora na raia presidencial. A entrega dos cargos estabelece um comprometimento distante da presidente e do PT, a não ser que as coisas mudem. O PSB estabeleceu, de outra forma, dificuldades à candidatura à reeleição da presidente. Atinge-a no Nordeste, principal celeiro de votos do PT; avança pelos estados da região e chega à Bahia, onde Lídice da Mata deverá ficar encarregada de montar o palanque de Eduardo Campos para ser ocupado, também, com sua candidatura a governadora do estado, como tem dito que será. A situação para a senadora não é fácil. Ela é amiga de Jaques Wagner, conversa muito com ele, mas o f ato é que não é petista. É socialista.

O desgaste de Dilma, nesse aspecto, é visível. Por menos que perca no Nordeste, será muito, porque Pernambuco é reduto exclusivo de Campos e a sua candidatura se enraizará, presume-se, pelos estados vizinhos, especialmente o Piauí. Os nordestinos nada têm contra o Sul-Sudeste, mas o Sul-Sudeste trata o nordestino com preconceito descabido, como se fosse uma sub-raça. Ademais, Campos conversa muito com Aécio Neves, do PSDB, também candidato. É possível que a eleição ofereça uma situação de grandes dificuldades para os petistas. Se os três pré-candidatos fizerem um pacto de união e se juntem para combater Dilma Rousseff, aí incluída a possibilidade de Marina Silva, senhora de duas dezenas de milhões de votos, lançar-se com seu novo partido, o cenário ficará mais difícil do que se imagina.

Aqui, o governador Jaques Wagner, segundo disse, deve declarar seu candidato à sucessão em novembro. Já cuida de realizar contatos e há um grupo constituído por petistas estudando as possibilidades dos possíveis interessados. Ele tem quatro candidatos que, na verdade, são três: Rui Costa, Walter Pinheiro e José Sergio Gabrielli. Luiz Caetano é carta distante do baralho. Ainda de acordo com Wagner quem tem quatro candidatos não tem nenhum, o que é uma verdade irrefutável. Com o problema da sucessão presidencial se adensando, o governador terá que escolher o melhor nome, ou seja, o que possa se eleger e trazer votos para somar com Dilma.

Na eleição passada, ela disputou contra José Serra, sem esquecer Marina Silva, que surpreendeu. Serra não consegue despertar simpatias, embora preparado. Desta vez, além dela, estarão no processo Eduardo Campos, Aécio Neves, e Marina, se seu partido vier a vingar, insisto. Os três, coincidentemente, são carismáticos. Marina está às voltas com a formação do seu partido, o Rede da Solidariedade, e tenta no Tribunal Superior Eleitoral resolver seus problemas.

Dessa maneira, em retorno à Bahia, caberá a Wagner, em última análise, bater o martelo e escolher o candidato à sua sucessão que arraste maior quantidade de votos, de modo que o PT continue comandando o governo estadual e facilite para que Dilma repita a votação que aqui obteve, o que, a princípio, não parece fácil.

Em outros estados a situação parece ser semelhante, com variações no Sul-Sudeste, onde o PSDB tem grande penetração, especialmente em São Paulo (lá o prefeito Fernando Haddad está fraco) e Minas Gerais, que com SP formam os dois maiores colégios eleitorais do País. Aécio deve comandar o eleitorado, já que foi governador duas vezes em Minas, ambas com boa gestão. SP, como se sabe, é o berço do tucanato.

Assim posto, a reviravolta com a decisão do PSB de Eduardo Campos era esperadas, mas não para este setembro. A decisão da Executiva do partido socialista balança a presidente, por mais que ela tenha ao lado, como conselheiro, o ex-presidente Lula. Será diferente Dilma brigar por votos com Aécio, Eduardo Campos e Marina Silva do que com Serra, cujo carisma é muitíssimo menor do que os três prováveis adversário das eleições do próximo ano. Há de se considerar, também, que neste ano o Brasil deu voltas. Há, nas ruas, ventos de mudanças, como ficou claro nos movimentos populares exigindo transformações que não aconteceram, nem no Legislativo nem no Executivo.

As manifestações de junho causaram um profundo estrago na presidente Rousseff, que, por ora, está se recuperando aos poucos. Sua situação é muito diferente do que a anterior, além de o PT perder prestígio e já não é aquele partido de antes, que anunciava o novo. Atualmente, ele está no mesmo plano das demais legendas. Nem melhor nem pior. Todos são iguais.

*Coluna de Samuel Celestino publicada no jornal A Tarde deste domingo (22)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Blue Captcha Image
Atualizar

*