Bem Vindo ao Correio do Oeste - 11 Anos Alimentando Você com Informações Políticas !

PREMIADOS AUTORES BAIANOS PRODUZEM FILME EM SANTA MARIA DA VITÓRIA

Publicado em: 05/4/2013

scul-curta-carranca-03

Marcelo Matos de Oliveira e Wallace Nogueira se conheceram na faculdade. Um cursava filosofia, o outro psicologia. Movidos por interesses semelhantes, participaram dos mesmos projetos extracurriculares e logo não demorou para ambos se envolverem em trabalhos ligados a Organizações Não-Governamentais (ONGs). Daí o gosto pela sétima arte. “A gente trabalhou muito com o terceiro setor fazendo vídeos institucionais. Mas, como nós dois tínhamos uma bagagem de antropologia, filosofia, sempre imaginávamos coisas diferentes daquele lance de militância. A gente sempre tentava subverter”, recorda Wallace, em meio ao trabalho de produção do curta-metragem de ficção “Carranca”, segundo filme da dupla e que deve estrear nos festivais europeus em julho.

Subversão, aliás, talvez seja a palavra mais apropriada para traduzir a impressão que se tem ao assistir pela primeira vez Menino do Cinco (2012), primeiro filme da dupla. Com uma carga psicológica intensa, o curta aborda os conflitos sociais entre classes sociais diferentes, tendo como protagonistas as crianças. Somente em sua estreia, no 40º Festival de Gramado, em agosto do ano passado, o filme levou os prêmios de melhor filme, melhor filme do júri popular, melhor ator (dividido entre Thomas Vinícius de Oliveira e Emanuel de Sena) e melhor roteiro (Marcelo Matos). Menino do Cinco abocanhou ainda o prêmio aquisição do Canal Brasil e o do júri da crítica e foi o primeiro filme de ficção dos dois diretores baianos a roubar a cena, ganhando seis dos 14 prêmios de sua categoria. No exterior o filme concorreu em festivais na Eslováquia, Escócia, Peru, Cuba, Chile, México, França.

No novo filme o conceito é diferente. Se por um lado resgata e até presta homenagem àquela que talvez seja a maior expressão artística oriunda de Santa Maria da Vitória: as carrancas, eternizadas pelas mãos do Mestre Guarany, que ao longo dos seus 103 anos produziu cerca de 80 carrancas, muitas delas adorno para as proas de embarcações, utilizadas até meados da década de 1940, antes da legislação proibir a navegação à vara e remo por considerar como trabalho semiescravo, por outro, tem um caráter mais cultural. “Em Salvador, nossa referência quando o assunto é carranca sempre foi cabelo preto liso e boca grande. Aqui, conhecendo o pessoal que lida com isso percebemos muitas coisas interessantes sobre as carrancas. O lance da relação da cabeleira com as corredeiras do rio, a alma da carranca, quando o carranqueiro dá vida a uma madeira que aparentemente não serve pra nada”, enaltece Wallace.

As filmagens de “Carranca” estão previstas para o mês de março. A ideia é estar com tudo pronto até o meio do ano. Até lá a dupla continua a colher os frutos do primeiro. Em seis meses de lançamento, Menino do Cinco, foi exibido em 28 festivais no Brasil e no exterior. A mudança de gênero entre um filme e outro, aparentemente não preocupa. Marcelo conta que para o segundo filme houve uma diminuição da carga psicológica. “Estamos trabalhando sob uma perspectiva mais cultural, a matéria prima tem mais a ver com a tradição. O “Menino do Cinco” é um pouco diferente porque a matéria de trabalho dele é uma questão social. Você tem uma criança que é rica e uma criança que é pobre. O que liga os dois filmes é a maneira como você vive. No primeiro, a matéria que a gente usou foi as diferenças de classe, um ambiente urbano. A gente precisava chocar e mostrar o lugar em que a gente vive; já Carranca a gente se desloca pra um lugar que a gente não vive”, explica.
Fonte: Revista A.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Blue Captcha Image
Atualizar

*