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NO DOMINGO, VAMOS ELEGER QUEM PRODUZ MELHORES BRAVATAS-POR FERNANDO DUARTE

Publicado em: 23/10/2018

por Fernando Duarte

No domingo, vamos eleger quem produz melhores bravatas

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

O início da última semana antes do segundo turno das eleições 2018 foi marcado por uma desastrada e idiota declaração do deputado federal reeleito Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sobre o Supremo Tribunal Federal (STF). Em tom praticamente de deboche, o filho do presidenciável Jair Bolsonaro sugeriu que um cabo e um soldado seriam suficientes para fechar a Suprema Corte. Sem “desmerecer o soldado e o cabo”, como ele frisou. A fala, assustadora do ponto de vista democrático, será tratada como mais uma “bravata” da cena política brasileira deste ano.

 

As razões para que uma declaração como essa ser minimizada pelos aliados de Bolsonaro, ainda que atacada frontalmente pelos adversários, é a falta de pudor dos atores políticos em proferir absurdos sem a perspectiva de serem confrontados juridicamente pelos impropérios. O pai de Eduardo talvez seja o principal beneficiário da letargia do sistema jurídico brasileiro. Veja como exemplo a declaração sobre “arrobas” de quilombolas. O racismo direto sequer mereceu tornar Bolsonaro réu em uma denúncia.

 

Porém falar em fechar o Supremo ou questionar a autoridade do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não é algo exclusivo dos aliados do PSL. O próprio PT insistiu durante muito tempo na tese de que os órgãos judiciais brasileiros estavam impregnados de um desejo “antipetista” que tornou o partido o alvo prioritário de uma caça às bruxas, estendido desde o impeachment de Dilma Rousseff até o indeferimento da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, já preso, ao Palácio do Planalto.

 

Foram os próprios atores da cena política que criaram um ambiente de descrédito sobre as instituições ao ponto de fragilizá-las. Tanto que, mesmo que sejam atacados de maneira desmedidas, os órgãos parecem atônitos, sem saber como reagir. Sejam nos episódios em que o STF teve questionada a legitimidade para julgar a prisão em segunda instância, que manteve Lula na cadeia, ou até mesmo na falta de ação do TSE para combater as fake news – que, ironicamente, transformou o combate em uma notícia falsa.

 

Após a repercussão negativa da fala de Eduardo Bolsonaro, o progenitor fez questão de desautorizar o filho a falar sobre o assunto, sugerindo, inclusive, que o autor da declaração deveria estar no hospício – antes de saber que era um integrante da própria prole a afirmar o absurdo. A estratégia é similar à de Fernando Haddad (PT), quando confrontado sobre as sugestões do ex-grão-petista José Dirceu sobre os órgãos de controle. A negação é o ato mais simples e menos complicado de ser compreendido pelos eleitores.

 

Com o acirramento dos ânimos, as bravatas foram intensificadas. Bolsonaro lidera a corrida e o número de falas questionáveis do ponto de vista democrático – o candidato pode não vir a fazer tudo o que fala, porém adota um discurso que deixa a nossa frágil democracia amedrontada. Haddad, todavia, também vociferou informações assustadoras, porém tem recuado intensivamente para tentar convencer a população de que não fará aquilo que o adversário o acusa de fazer.

 

Ao final da eleição no domingo, entretanto, teremos facilmente uma certeza. Vencerá aquele que melhor construir um discurso. Repleto de bravatas, mas facilmente internalizado pelos eleitores. Para bem ou para o mal.

 

Este texto integra o comentário desta terça-feira (23) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM, Clube FM e RB FM.

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