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Veja e-mails de Marcelo Odebrecht contra Lula

Publicado em: 10/10/2019

O empresário Marcelo Odebrecht entregou em 2018 uma série de documentos na Procuradoria Geral da República (PGR) para corroborar o que confessou e revelou em delação premiada, fechada com a Operação Lava Jato: que mantinha uma conta que chegou a ter R$ 300 milhões disponíveis ao PT, em favor de Lula, gerenciada pelo ex-ministro Antonio Palocci.

São relatórios sobre e-mails e documentos que encontrou e interpretou. Em um deles, anexou 24 e-mails escritos entre agosto de 2008 e agosto de 2013 que recuperou de seu computador e “contextualizam a relação e as tratativas de temas diversos referentes a Lula” – como registra a defesa no material. “E comprova também pedidos de ajuda financeira para terceiros, que direta ou indiretamente beneficiaram Lula (entre eles o Sítio de Atibaia, o filme ‘Lula, o filho do Brasil’, ajuda financeira ao irmão, sobrinho etc).”

Preso em junho de 2015, fez delação em 2016. Depois de dois anos no cárcere em Curitiba, Odebrecht foi para a prisão domiciliar em janeiro de 2018. Passou boa parte do ano passado a recuperar e decifrar mensagens de seus arquivos de computador que a Lava Jato apreendeu, boa parte criptografados ou escritos de forma cifrada, e virou uma espécie de “analista” informal da PF e do MPF.

Presta novos depoimentos, sempre que requisitado, como o do final de 2018, após Palocci fechar sua delação com a PF. Ao delegado Filipe Hille Pace, da Lava Jato em Curitiba, disse que analisou mais de 5 mil e-mails para produzir os documentos que entregou na PGR e compartilharia com ele. Ao todo, são 480 e-mails, com 230 arquivos anexados e 70 mil outros arquivos, apreendidos em seu notebook e em HDs de memória.

Na sexta-feira, 4, e segunda, 7, Odebrecht cumpriu mais uma rotina de sua vida de delator. Voltou a prestar depoimento à Justiça Federal. O empresário foi ouvido em uma Vara Federal de Osasco (Grande São Paulo), por meio de vídeo conferência, em dois processo que têm Lula como réu relacionados a negócios em Angola, na África, que tramitam na 10.ª Vara Federal de Brasília.

O delator confirmou o acerto de propinas ao PT relacionados ao financiamento do BNDES para exportação de serviços do grupo em Angola, na África, de US$ 1 bilhão. O negócio teria envolvido acerto de US$ 40 milhões de propinas em 2010, com envolvimento direto de Palocci e do ex-ministro Paulo Bernardo. Em um dos processo, além de Lula é réu Taiguara Rodrigues dos Santos, conhecido como “sobrinho de Lula”.

Nos dois depoimentos, Odebrecht acusou contradições nos depoimentos do pai, Emílio Odebrecht, em relação ao que havia dito na delação e em relação aos termos de Palocci.

As falas foram interpretadas como um recuo pelas defesas, em especial da de Lula, que argumentou que elas inocentam o ex-presidente. O advogado de defesa de Lula, Cristiano Zanin Martins, disse na sexta que os depoimentos de Marcelo e de Emílio, somados, deixam claro que “o ex-presidente não praticou nenhum ato ilícito que foi imputado a ele nessa ação.” “Não há como sustentar vínculo com o ex-presidente. Se ocorreu algum fato ilícito, não tem qualquer participação de Lula”, disse Zanin.

Ao juiz federal Vallisney Oliveira, da 10.ª Vara Federal de Brasília, Odebrecht tentou explicar no depoimento de segunda, 7, que mantinha o teor de suas delações e atribuía ao pai mudanças em relação ao que sabia. “Sempre deixei bem claro, em todas minhas colaborações, em todos meus depoimentos, sempre, não só o da sexta passada na ação penal do rebate (de Angola), em todas as ações penais em que eu tive, que nunca tive relação nem responsabilidade pelas tratativas com presidente Lula.” Segundo ele, era o pai que conversava com o petista.

“Só que agora ele (Emílio) está dizendo em depoimento que nunca conversou com Lula sobre valores.” Desde a delação, pai e filho romperam relações.

“Respondo pela minha colaboração e pelo o que eu falei. Se pessoas acertaram propinas e disseram que não acertaram, eles é que têm que responder. Posso responder pela minha colaboração.”

Estadão

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