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O GOLPISMO TAMBÉM ANDA POR TERRAS BAIANAS

Publicado em: 25/4/2022

O golpismo de Jair Bolsonaro no episódio da “graça” concedida ao condenado Daniel Silveira não ecoa apenas em Brasília. E não precisou passar muito tempo para perceber que essa verve passa por solo baiano pelos oportunistas de ocasião e também por aqueles que estavam escondidos como esqueletos em armários. Nos dias subsequentes ao perdão ao criminoso sobraram defensores da decisão e exemplos claros de que há golpistas prontos para subjugar nossa cultura, nosso conceito de nação e até a nossa republiqueta.

 

O presidente deflagrou há tempos uma crise institucional para justificar a ruptura por ele almejada. Se tivesse ficado restrito aos porões do parlamento – e até da própria ditadura -, não seríamos obrigados a conviver com defesas da “liberdade de expressão” como alegoria da falha de caráter que acomete a sociedade. Em Porto Seguro, enquanto a motociata fingia não ser campanha eleitoral, Bolsonaro pregou para convertidos e foi seguido e aplaudido por outros oradores. Ninguém ali via o esforço que há explícito para transformar o Brasil em um país regido por um autocrata. Houve até elogio eloquente, como se Silveira fosse um novo Tiradentes e se a Ilha de Santa Cruz precisasse ser redescoberta.

 

O assunto gerou troca de farpas entre adversários na corrida pelo governo da Bahia. Algo imprescindível do ponto de vista da comunicação para dois ainda ilustres desconhecidos do eleitorado baiano. O bate boca não converteu voto algum, mas serviu para a plateia, ávida por declarações contundentes em troca do regojizo na praça pública da internet. De um lado, todavia, percebe-se o ar golpista em uma pílula dourada. Do outro, é inegável o respeito à democracia e aos poderes da República. Pena que isso apareça muito tangencialmente no debate político até aqui.

 

No mesmo contexto, um pseudo cidadão soteropolitano – como tantos outros que já receberam o título – achou relevante chamar artistas baianos de preguiçosos sob risos frouxos de quem deseja o voto dos eleitores locais. É um escárnio que demonstra a anuência com o esfacelamento do que chamamos de democracia. O arremedo é eleger um iletrado cultural para que ele não ajude a ditar as regras da área nacionalmente. O golpismo também mora nessas atitudes, mas há quem aplauda e quem defenda. Entre tantas opções ruins – e elas existem aos montes – não me surpreende que o que há de pior ganhe espaço e ocupe espaços nas arenas de debate público. É uma estratégia consolidada e que tende a se expandir.

 

Enquanto tudo isso acontece, seguimos como revolucionários escondidos atrás de telas e no conforto dos nossos sofás. Felizes éramos quando os esqueletos continuavam nos armários e a preocupação da próxima eleição era quem poderia fazer algo de bom por essa nação. Agora, a tensão é se teremos democracia ao final de um pleito. O golpismo não está restrito a Brasília. Ele também anda pela Bahia e aguardamos ansiosamente pelo repúdio de todos os atores. Para dizer o mínimo. Para não dizer “graça”.

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