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NA POLÍTICA NÃO HÁ PECADO CAPITAL – POR SAMUEL CELESTINO

Publicado em: 26/4/2015

por Samuel Celestino

Coluna A Tarde: Na política não há pecado capital
A fulminante ascensão do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB), ao primeiro plano da política brasileira seguramente despertou nuvens de inveja, ou coisa parecida, no Congresso Nacional. Nuvens de inveja com direito a fortes chuvas. Os trovões partiram do Senado e do gabinete do presidente, Renan Calheiros, que de há muito é tido como flor que não convém cheirar. Como Eduardo Cunha apareceu no cenário como um trator, derrubando os adversários porventura à sua frente, inclusive impondo uma derrota estonteante à presidente Dilma Rousseff e ao seu PT (ela ainda não vivia nas trevas), os sinais de inveja surgiram a princípio tênues. Renan sabia que ele passara a ser menor e menos influente do que Cunha no Congresso. O novo presidente da Câmara, para chegar ao cargo, desmantelou um agrupamento que tinha primazia na Casa e formou o seu próprio grupo.

Tudo passou então a ter o seu aval, excluindo Dilma que desabou a partir das manifestações das ruas. Calheiros ficou na espreita aguardado o melhor momento para atacar. Entre ele, velho e curtido parlamentar com manchas decorrentes de variados “malfeitos”, e o novo, para a política Cunha passou a ser mais interessante como ocorre acontecer com o novo. Assim ganhou a dianteira deixando Renan Calheiros para trás. Pelo menos algo há na República anunciando mudanças que passaram a ocorrer com as seguidas derrotas do governo na Câmara. O confronto entre os dois políticos era apenas uma questão de tempo, o que veio a ocorrer a partir do rolo compressor que esmagou o PT e outros parlamentares de partidos diversificados, com a aprovação da regulamentação da lei da Terceirização. Uma vitória de Cunha por ampla margem de votos imposta pelos deputados sob o seu comando.

Deve ter sido exatamente por aí que o presidente do Senado, Renan Calheiros, entendeu que era hora de dar o bote para se impor e virar o jogo diante do presidente da Câmara dos Deputados. Ladino desde menino, o alagoano construiu sua armadilha: primeiro, alterar o projeto de Terceirização aprovado; segundo, segurar a votação no Senado da regulamentação da lei, indesejada pelos petistas. Do Palácio do Planalto, Dilma já sem voz silenciou e se tornou pata rouca. Acompanha o que há na política, se é que ainda tem gás pelo menos para isso.

Calheiros, que é do PMDB, partido também de Cunha, juntou-se aos petistas contrários à Terceirização e, se prepara para uma guerra entre as duas casas congressuais. Declarou-se favorável a algumas mudanças da nova lei, como a atividade fim, por exemplo, e declarou que da forma como saiu da Câmara a matéria não passará no Senado. Ou muda substancialmente ou nada feito. Calheiros sairá do cargo que ocupa em janeiro do próximo ano. Assim, armou-se com armadura, escudo e espada para deixar o tempo rolar. Recebeu de Cunha um recado tipo xeque-mate: a prerrogativa de dar a palavra final caberá à Câmara, porque a lei de Terceirização nasceu lá.

Alega, em contraponto Renan, que se a matéria passou 11 anos engavetada na Câmara, poderá também pelo menos mais cinco anos engavetada no Senado. Foi a sua declaração de guerra. Como ele deve deixar a presidência no início do próximo ano, talvez esteja fazendo contas erradas. De qualquer maneira, imagina ele que há outras formas de segurar o crescimento de Eduardo Cunha. Esqueceu que macaco velho não mete a mão em cumbuca. No Senado, a Terceirização deverá passar por quatro comissões técnicas e aí será o tempo o dono e o mediador da razão. Em cada comissão a matéria poderá ficar engavetada por meses, talvez anos.

Do seu plano, o presidente Eduardo Cunha alertou, como um aviso também guerreiro: se houver mudanças no que foi aprovado, a Terceirização terá que retornar à Câmara e, como a iniciativa do projeto partiu da Casa, nenhuma mudança será aceita porque a prerrogativa é da Casa. A Câmara corrigirá as mudanças realizadas pelo Senado e não necessitará mais que o projeto retorne ao Senado porque se assim fosse viraria um jogo de ping-pong. O recurso disponível para Calheiros, como se vê, será mesmo se aliar com o tempo. Se os dois não chegarem a um acordo.

O problema se torna maior porque Cunha está no mesmo diapasão de Renan. A provocação partiu do Senado, mas o presidente da Câmara segurou o pião e mandou, em declaração que concedeu à Folha, uma resposta irônica no mesmo tom. Disse ele que “a convalidação pela Câmara de projetos aprovados no Senado vai andar no mesmo ritmo da Terceirização”. E se não bastasse, matou a cobra e colocou suas cartas visíveis para Calheiros entender bem o que ele, Cunha, fará: dará o troco na mesma medida. Disse: “O pau que dá em Chico dá em Francisco. Engavete lá no Senado que eu engaveto as matérias oriundas do Senado aqui.”

Vê-se, desta forma, que parece haver no Congresso, entre os presidentes das duas Casas, um jogo de inveja que parte do velho para o novo. A inveja é um dos pecados capitais. Mas, como se sabe, não existe pecado capital quando se trata de política. Então fica acertado assim. Algum terá que ceder, ou as duas casas congressuais se engalfinham. Era tudo o que faltava nestes trópicos verdes-amarelos abaixo do EA fulminante ascensão do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, ao primeiro plano da política brasileira seguramente despertou nuvens de inveja, ou coisa parecida, no Congresso Nacional. Nuvens de inveja com direito a fortes chuvas. Os trovões partiram do Senado e do gabinete do presidente, Renan Calheiros, que de há muito é tido como flor que não convém cheirar. Como Eduardo Cunha apareceu no cenário como um trator, derrubando os adversários porventura à sua frente, inclusive impondo uma derrota estonteante à presidente Dilma e ao seu PT (ela ainda não vivia nas trevas), os sinais de inveja surgiram a princípio tênues. Renan sabia que ele passara a ser menor e menos influente do que Cunha no Congresso. O novo presidente da Câmara, para chegar ao cargo, desmantelou um agrupamento que tinha primazia na Casa e formou o seu próprio grupo.
Tudo passou então a ter o seu aval, excluindo Dilma que desabou a partir das manifestações das ruas. Calheiros ficou na espreita aguardado o melhor momento para atacar. Entre ele, velho e curtido parlamentar com manchas decorrentes de variados “malfeitos”, e o novo, para a política Cunha passou a ser mais interessante como ocorre acontecer com o novo. Assim ganhou a dianteira deixando Renan Calheiros para trás. Pelo menos algo há na república anunciando mudanças que passaram a ocorrer com as seguidas derrotas do governo na Câmara. O confronto entre os dois políticos era apenas uma questão de tempo, o que veio a ocorrer a partir do rolo compressor que esmagou o PT e outros parlamentares de partidos diversificados, com a aprovação da regulamentação da lei da Terceirização. Uma vitória de Cunha por ampla margem de votos imposta pelos deputados sob o seu comando.
Deve ter sido exatamente por aí que o presidente do Senado, Renan Calheiros, entendeu que era hora de dar o bote para se impor e virar o jogo diante do presidente da Câmara dos Deputados. Ladino desde menino, o alagoano construiu sua armadilha: primeiro, alterar o projeto de Terceirização aprovado; segundo, segurar a votação no Senado da regulamentação da lei, indesejada pelos petistas. Do Palácio do Planalto, Dilma já sem voz silenciou e se tornou pata rouca. Acompanha o que há na política, se é que ainda tem gás pelo menos para isso.
Calheiros, que é do PMDB, partido também de Cunha, juntou-se aos petistas contrários à Terceirização e, se prepara para uma guerra entre as duas casas congressuais. Declarou-se favorável a algumas mudanças da nova lei, como a atividade fim, por exemplo, e declarou que da forma como saiu da Câmara a matéria não passará no Senado. Ou muda substancialmente ou nada feito. Calheiros sairá do cargo que ocupa em janeiro do próximo ano. Assim, armou-se com aradura, escudo e espada para deixar o tempo rolar. Recebeu de Cunha um recado tipo xeque-mate: a prerrogativa de dar a palavra final caberá à Câmara, porque a lei de Terceirização nasceu lá.
Alega, em contraponto Renan, que se a matéria passou 11 anos engavetada na Câmara, poderá também pelo menos mais cinco anos engavetada no Senado. Foi a sua declaração de guerra. Como ele deve deixar a presidência no início do próximo ano, talvez esteja fazendo contas erradas. De qualquer maneira, imagina ele que há outras formas de segurar o crescimento de Eduardo Cunha. Esqueceu que macaco velho não mete a mão em cumbuca. No Senado, a Terceirização deverá passar por quatro comissões técnicas e aí será o tempo o dono e o mediador da razão. Em cada comissão a matéria poderá ficar engavetada por meses, talvez anos.
Do seu plano, o presidente Eduardo Cunha alertou, como um aviso também guerreiro: se houver mudanças no que foi aprovado, a Terceirização terá que retornar à Câmara e, como a iniciativa do projeto partiu da Casa, nenhuma mudança será aceita porque a prerrogativa é da Casa. A Câmara corrigirá as mudanças realizadas pelo Senado e não necessitará mais que o projeto retorne ao Senado porque se assim fosse viraria um jogo de ping-pong. O recurso disponível para Calheiros, como se vê, será mesmo se aliar com o tempo. Se os dois não chegarem a um acordo.
O problema se torna maior porque Cunha está no mesmo diapasão de Renan. A provocação partiu do Senado, mas o presidente da Câmara segurou o pião e mandou, em declaração que concedeu à Folha, uma resposta irônica no mesmo tom. Disse ele que “a convalidação pela Câmara de projetos aprovados no Senado vai andar no mesmo ritmo da Terceirização.”  E se não bastasse, matou a cobra e colocou suas cartas visíveis para Calheiros entender bem o que ele, Cunha, fará: dará o troco na mesma medida:  Disse: “O pau que dá em Chico dá em Francisco. Engavete lá no Senado que eu engaveto as matérias oriundas do Senado aqui.”
Vê-se, desta forma, que parece haver no Congresso, entre os presidentes das duas Casas, um jogo de inveja que parte do velho para o novo. A inveja é um dos pecados capitais. Mas, como se sabe, não existe pecado capital quando se trata de política. Então fica acertado assim. Algum terá que ceder, ou as duas casas congressuais se engalfinham. Era tudo o que faltava nestes trópicos verdes-amarelos abaixo do equador.
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* Coluna publicada originalmente na edição deste domingo (26) do jornal A Tarde

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