LULA AINDA SE ACHA- POR SAMUEL CELESTINO
Publicado em: 30/8/2015por Samuel Celestino
A última pesquisa sobre um confronto PT versus oposição demonstrou que, no caso de uma candidatura Lula, ele perderia a eleição no segundo turno. De mais a mais, a recessão que o país está imerso, com a queda no segundo trimestre de 1,9%, do PIB, não surpreende, certamente também a Lula, porque, no primeiro trimestre, a economia encolheu 0,7%, configurando-se à época uma recessão técnica. De acordo com a Fundação Getúlio Vargas a recessão técnica já se instalara desde o segundo trimestre de 2014. Significa dizer que a campanha eleitoral de Dilma que a levou ao segundo mandato foi toda ela alicerçada em discurso enganoso, fator que contaminaria o sonho de Lula.
O PT não terá outra saída, senão apresentar candidato em 2018 numa tentativa de soerguer a legenda e nela só há mesmo Lula como nome de destaque, embora também em processo decadente. O ex-presidente perdeu o brilho. De tal maneira que ele próprio dissera se sentir impedido de frequentar restaurantes em São Paulo, com sua mulher, por temor de ser vaiado.
As figuras públicas estão mesmo sujeitas às vaias quando os fatos se invertem e o período de bonança desaparece. Não se imaginava que a incompetência petista, somada à corrupção que se alastrou como tsunami, levasse o país à situação deplorável que ora se encontra mergulhado numa recessão econômica. De qualquer maneira, se Dilma não ganhasse à eleição ela teria deixado para Aécio Neves um legado exatamente igual ao que se verifica no momento, com uma diferença mercante: como o legado seria uma herança (muito pior da que o PT diz ter recebido de Fernando Henrique Cardoso) o presidente eleito estaria à frente do comando para corrigir os erros e não na condição comparada no primeiro parágrafo deste texto como Dilma na condição de um presidente de sistema parlamentarista, apenas representando o estado e mais nada.
Como estava escrito que assim seria, a população paga um preço amargo e já se fala em novo imposto, a partir do retorno da CPMF, para assegurar recursos à saúde pública. Se acontecer é possível que não somente a população, mas os setores da produção quase falidos (como o setor industrial, por exemplo) empurrem o governo para as cordas, e o imposto preconizado, piore a economia do Brasil como um todo. Presume-se que a reação à nova sangria tenha um eco maior do que o Palácio do Planalto imagina. A grita já está dentro do Congresso e dificilmente o imposto passará. Pelo menos esta é a reação que se observa entre os parlamentares.
As dificuldades para o governo Dilma só fazem aumentar. Com a recessão instalada e a ideia do novo imposto, o vice Michel Temer ficou não somente ficou indignado – até porque ele não tinha conhecimento do renascimento da CPMF – que o projeto, no seu entorno, foi logo batizado de “projeto do impeachment”. Enfim, complica-se a cada momento a situação do país, que poderá levar Dilma de roldão se as contas da sua campanha eleitoral forem dissecadas pelo Tribunal Superior Eleitoral, que já tem maioria a dos seus ministros (quatro contra três) favoráveis. Se o TSE esmiuçar as contas, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reconduzido a novo período, acompanhará o processo. Enfim, aí está outro problema para dificultar o desejo de Lula.
* Coluna publicada originalmente na edição deste domingo (30) do jornal A Tarde
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