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ESQUERDA DA BASE GOVERNISTA DESAPROVA MUDANÇAS NA CHAPA E LULA POR ESPAÇO

Publicado em: 01/3/2022

Tem sido difícil encontrar, entre partidos de esquerda da base aliada do governo da Bahia, quem esteja feliz com a nova arrumação da chapa majoritária governista para outubro. O desejo do governador Rui Costa (PT) de se candidatar ao Senado forçou algumas mudanças nos planos do grupo político, com o senador Otto Alencar (PSD) deixando a pré-candidatura à reeleição, para assumir a cabeça da chapa, no lugar do também senador Jaques Wagner (PT).

Essas alterações, porém, não foram reconhecidas como legítimas por toda a base aliada do governo da Bahia. Integrantes de PT, PSB e PCdoB têm reclamado de como as negociações foram conduzidas pelas principais lideranças da aliança e apontam problemas na possível candidatura do senador do PSD.

Para esses partidos, a escolha de Otto como pré-candidato do grupo não apenas diminui as chances da aliança contra ACM Neto (UB), como também enfraquece as candidaturas das legendas de esquerda à Câmara dos Deputados e à Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA).

“Tanto Otto quanto [João] Leão, por característica, jogam muito por seus partidos. É diferente de Wagner, que sempre trabalhou por todas as legendas do grupo. Então a gente teme que nossos partidos sejam abandonados pela chapa majoritária”, contou uma liderança de esquerda na Bahia, sob condição de anonimato.

A condução de Rui, como líder do grupo político no estado, tem sido também bastante criticada nas legendas de esquerda, inclusive dentro do PT. Eles reclamam, entre outras coisas, que o governador abandonou as reuniões do “Conselho Político”, órgão criado por Wagner nos seus mandatos de gestor estadual.

“Rui diminuiu muito a frequência das reuniões do Conselho Político. Wagner criou, mas Rui não deu sequência. Ainda não tivemos uma neste ano. Tudo tem sido discutido apenas por alguns nomes”, afirmou a liderança.

As mudanças negociadas na chapa governista têm ainda outro efeito danoso a um desses partidos: o PSB perde a oportunidade de ganhar um senador por quatro anos. O vice-prefeito de Ilhéus, Bebeto Galvão (PSB), é suplente do petista e assumiria a vaga no Senado caso Wagner fosse eleito. Com Otto candidato, os socialistas vêem essa chance descer pelo ralo.

“Depois do PT, que perdeu a cabeça da chapa, o partido que mais perdeu com essas mudanças foi o PSB, que não vai ficar com o Senado. É por isso que a gente acredita que, caso a candidatura de Otto se confirme, a vaga de vice na chapa majoritária precisa ser da esquerda”, confidenciou ao Bahia Notícias um membro da executiva estadual do PSB.

O lugar do PP nesta nova chapa também é contestado. Para esses interlocutores da esquerda baiana, o fato de João Leão (PP) assumir o governo do estado após a provável renúncia de Rui para concorrer ao Senado joga a legenda para o fim da fila na disputa por espaço na chapa.

“O PP, que vai ganhar o governo por alguns meses com a renúncia de Rui, deveria ser o último a requerer a vice. Há outras coisas para que a gente negocie com o PP, como a vaga que vai abrir no Tribunal de Contas em abril. Aí Leão poderia indicar um nome”, sugeriu o dirigente do PSB.

BASE DO PT RESISTE

Dentro do Partido dos Trabalhadores, a desistência de Wagner e a imposição do nome de Otto como candidato ao governo também não desceram bem. A base petista ainda persiste na ideia de lançar um nome próprio e especula nomes como o da prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho (PT), e do secretário estadual de Relações Institucionais, Luiz Caetano (PT).

Apesar da vontade de ter um candidato próprio reverberar nas palavras de deputados estaduais e federais do PT, os mais pragmáticos da esquerda descartam a possibilidade. Moema e Caetano são considerados nomes sem força suficiente para bater de frente com a candidatura de ACM Neto. Além disso, recusar um nome do PSD na chapa majoritária seria fazer rachar de vez o grupo governista.

“Se o PT lançar um candidato, vai para a carreira solo no estado. Não tem condições”, cravou a liderança de esquerda.

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