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DA CADEIA, CUNHA MANOBRA TEMER QUE VIRA SEU REFÉM

Publicado em: 01/3/2017

Jorge Oliveira
Diário do Poder

Barra de S. Miguel, AL – Infelizmente, para Temer, aconteceu o que já era esperado: virou refém de Eduardo Cunha. Faz de tudo para se livrar desse personagem indigesto que sabe os seus segredos desde quando se juntaram no PMDB. Cunha o manobra estrategicamente para deixar a cadeia usando a sua influência de presidente. O ex-deputado quer, na verdade, primeiro, demitir os principais auxiliares dele com os quais conviveu décadas em reuniões íntimas e jantares abertos no Piantella, o restaurante dos conspiradores em Brasília. Nessa dança de cadeira que promove, Cunha já defenestrou Geddel Vieira Lima e está a caminho de derrubar Eliseu Padilha. Mas, na verdade, ele tem sede mesmo em defenestrar Moreira Franco, homem de confiança de Temer, citado várias vezes na Lava Jato, sogro do presidente da Câmara Rodrigo Maia, que disputa sua base eleitoral no Rio de Janeiro.
O maquiavelismo de Eduardo Cunha, agora mais temperado na prisão, não tem limites. E os recados que chegam a Temer são de arrepiar. Ao arrolar o presidente como sua testemunha de defesa, o ex-deputado quer encurralar o amigo e ex-confidente. Quando as coisas pareciam que iam se aprumar dentro no Planalto, eis que um míssil atravessa as janelas envidraçadas do Palácio e espalha estilhaços para todos os cantos. Esse petardo, o mais recente, feriu de morte Eliseu Padilha, principal auxiliar de Temer, acusado de mandar para o escritório de José Yunes 1 milhão de reais dentro de um “envelope”.
A trama urdida por Cunha, mais uma vez, estremece Temer. Para quem não lembra, Cunha avocou o presidente como sua testemunha de defesa. E entre as perguntas que enviou para o juiz Sérgio Moro, que vai arguir Temer, esta é a mais delicada: Cunha quer saber se Yunes recebeu doação de campanha do PMDB ou do próprio presidente, na época vice de Dilma. Pronto, o recado chegou ao Yunes que logo se apressou em procurar o Ministério Público para esclarecer o mistério. Antes, porém, o advogado pediu demissão do cargo de consultor da presidência da república para não contaminar o próprio Temer.
Mas a história que Yunes contou aos procuradores não é muito convincente. 1 – Jamais alguém acomodaria 1 milhão de reais em um envelope; 2 – advogado experiente, Yunes não teve a curiosidade de saber quem foi buscar o dinheiro em seu escritório; 3-  Lúcio Funaro, o doleiro do PMDB e de Cunha, exige acareação porque nega ter ido levar o pacote no escritório de Yunes; e 4 – Por que, antes de abrir o jogo, Yunes teve uma audiência com Temer? Certamente para engendrar uma versão convincente aos dois.
Pois é, o recado de Cunha chegou direitinho aos ouvidos de Temer. Esperto, o presidente logo saiu com uma nota oficial dizendo que todo dinheiro que chegou ao PMDB foi por vias legais. Não cola. Todo o partido diz a mesma coisa quando flagrado com a mão na botija, como se distribuísse um release para a imprensa. Eliseu Padilha, que durante muito tempo foi chamado maldosamente no meio político de “Eliseu Quadrilha”, coisa de seus adversários maledicentes, está de licença. Certamente, para não contaminar mais ainda o presidente, deve entregar o cargo. Cunha, com isso, apaga mais um nome da coronha da sua espingarda que vai enterrando os ex-amigos peemedebistas a quem culpa pela sua desgraça.
O alvo principal, porém, é o próprio Temer que também manda recado de bombeiro para a cela de Cunha. O último deles mostra que o presidente não vai desprezar o amigo lá no presídio de Curitiba. Nomeou para ministro da Justiça o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) que tem, entre outras atribuições, comandar a Polícia Federal, que apura os crimes da Lava Jato. Osmar, quando esteve à frente da Comissão de Justiça da Câmara dos Deputados não só protelou o processo de cassação de Cunha como ainda fez parte do grupo de parlamentares que defendia anistia para o ex-deputado.
Antes, Temer fez outro agrado a Cunha. Indicou para o STF, Alexandre de Moraes, que vai herdar os processos da Lava Jato deixado por Teori Zavascki. Em tempo: o novo ministro da Corte foi advogado de defesa de Eduardo Cunha.
É a cereja que faltava no bolo de Cunha.

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