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CID GOMES ESTÁ À ALTURA DA “PÁTRIA EDUCADORA”?

Publicado em: 02/1/2015
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Empossado hoje como ministro da Educação, o ex-governador Cid Gomes não chegou ao cargo por obra do acaso; nos oito anos em que esteve como chefe do executivo, o Ceará assumiu o primeiro lugar no índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no Norte/Nordeste para o Ensino Fundamental; apesar disso, já no primeiro dia apanhou de colunistas conservadores, como Merval Pereira e Dora Kramer, que questionaram seu preparo para o cargo; como a presidente Dilma deixou claro na posse, a educação, com o lema ‘pátria educadora’, será a prioridade das prioridades e Cid estará sob os holofotes; quem ganhará essa briga?

Criticado por colunistas como Dora Kramer, do Estado de S. Paulo, e Merval Pereira, do Globo,  o ex-governador do Ceará e recém-empossado Ministro da Educação, Cid Gomes, chega ao cargo respaldado pelos avanços do setor no Estado durante sua gestão como chefe do executivo estadual. Durante seus oito anos de governo, foi criado, por exemplo, o o Programa Alfabetização na Idade Certa (Paic), que hoje é referência para todo o País, sendo incorporado e expandido pelo Governo Federal.

Nos oito anos em que esteve como chefe do executivo cearense, o Ceará assumiu o primeiro lugar no índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no Norte/Nordeste para o Ensino Fundamental. Em 2013, igualou a média brasileira (5,2) e superou a meta estipulada (4,9).

Também no período, cerca de 80 escolas de Ensino Médio foram implantadas em distritos do interior e 40 mil alunos foram matriculados em escolas de educação profissional. E, segundo último levantamento, cresceu em 77% o número de alunos das escolas públicas aprovadas no Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Ao todo, 2.481 estudantes conseguiram vagas no ensino superior no Exame Nacional do Ensino Médio, contra 1.401 no ano anterior.

Com conquistas como essas, Cid Gomes ganhou todas as credenciais para assumir uma das pastas centrais do novo governo, já que a educação foi definida pela presidente Dilma como “a prioridade das prioridades” em discurso de posse. Como ministro, Cid terá o segundo maior orçamento da União (depois da saúde), com mais de R$ 100 bilhões em recursos públicos, inicialmente. Este montante deve aumentar à medida que o setor passe a receber recursos oriundos do royalties do petróleo.

Polêmica com professores

A relação de Cid Gomes com os profissionais da educação nem sempre foi boa. Em 2011, o então governador do Ceará envolveu-se em uma polêmica ao declarar que “quem entra em atividade pública deve entrar por amor, não por dinheiro”. Uma semana antes, ele teria dito que “Quem quer dar aula faz isso por gosto, e não pelo salário. Se quer ganhar melhor, pede demissão e vai para o ensino privado”. Na ocasião, os professores da rede estadual de ensino estavam em greve há 24 dias. As declarações despertaram a ira dos profissionais do setor e o Sindicato dos Profissionais do Ceará (Apeoc) acusou o Governo do Ceará de não cumprir a Lei Federal do Piso e o plano de cargos e carreiras dos professores.

A reforma do ensino médio foi apontada pelo ministro da Educação, Cid Gomes, como um dos desafios a ser enfrentado na sua gestão à frente da pasta. Na cerimônia de transmissão de cargo, o ministro se dirigiu aos professores e afirmou que eles terão seu trabalho reconhecido e valorizado. Gomes disse ainda que vai trabalhar para atingir as metas do Plano Nacional de Educação. O ex-governador do Ceará assumiu hoje (2) a pasta que era comandada por Henrique Paim.

“No ensino médio temos um desafio especial, que é, além de ampliar o acesso, reformar o seu currículo, compreendendo as características regionais de cada estado e município brasileiro. Para que tenhamos êxito será necessário todo o apoio de professores e universidades”, disse.

Ao se dirigir aos professores, Cid Gomes disse que estará aberto ao diálogo com a classe. “Gostaria de me dirigir a todos os professores brasileiros. Sou filho e irmão de professores. Minha experiência como prefeito e governador me ensinou ainda mais sobre a necessidade do corpo docente. Pretendo me reunir com seus representantes, vamos valorizar e reconhecer seu trabalho. Meu gabinete estará sempre aberto para receber conselhos, críticas e ajuda”, disse. Em entrevista a jornalistas, depois da cerimônia, ele acrescentou que pretende discutir formas de avaliação para os professores.

O novo ministro citou que tem por metas ampliar as vagas de ensino em tempo integral e o atendimento a crianças até 3 anos de idade nas creches, além de universalizar o acesso das crianças de até 5 anos à pré-escola. Melhorar a qualidade do ensino fundamental e continuar a expansão do ensino superior também foram citados por Gomes.

Cid Gomes iniciou o discurso fazendo referência ao novo lema de governo, apresentado ontem (1°) pela presidenta Dilma Rousseff, que é “Brasil: pátria educadora”. “A educação será a prioridade das prioridades como nos disse a presidenta Dilma”, observou.

O ex-ministro Paim disse que ao deixar o cargo encerra também um ciclo de 11 anos no Ministério da Educação (MEC), e fez um balanço de sua gestão e dos avanços dos últimos anos na área. Paim destacou como principal conquista a implantação da política de cotas. “A lei de cotas, considero a política mais importante que este governo fez. Conseguimos inverter a lógica de que só estudantes de escolas privadas conseguiam acessar as universidades públicas neste país”, disse.

Paim ainda citou a consolidação de avaliações feitas pelo MEC, o estabelecimento de um padrão sólido de relação com estados e municípios e políticas de formação dos professores.

Cid Gomes terá um início de gestão movimentado. Na primeira semana de janeiro deve divulgar o reajuste do piso nacional dos professores. O reajuste é determinado por lei e o cálculo do percentual é feito por técnicos do ministério. Na segunda semana de janeiro será divulgado o resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e, em seguida, abertas as inscrições para o Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

Gomes é formado em engenharia civil pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi eleito prefeito de Sobral em 1996 e em 2000. Em 2006, elegeu-se, em primeiro turno, governador do estado, e também coordenou a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva para o segundo mandato presidencial. Em 2010, foi reconduzido ao cargo de governador.

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