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Carlos Bolsonaro diz à PF não usar robôs e admite uso de rede social do pai presidente

Publicado em: 18/9/2020

por Marcelo Rocha | Folhapress

Carlos Bolsonaro diz à PF não usar robôs e admite uso de rede social do pai presidente

Foto: Agência Brasil

Em depoimento à Polícia Federal no inquérito que investiga atos antidemocráticos, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) disse que não é “covarde ou canalha a ponto de utilizar robôs e omitir essa informação”. A reportagem teve acesso ao depoimento, prestado no dia 10.

 

Conhecido como filho 02, o vereador admitiu ainda relação com contas pessoais do pai, o presidente Jair Bolsonaro, nas redes sociais. Questionado pela PF, ele disse que não participa da política de comunicação do governo federal e que “tem relação apenas com divulgação dos trabalhos desenvolvidos pelo governo federal nas contas pessoais do declarante e do seu pai”. O vereador admitiu ainda relações com um dos integrantes do “gabinete do ódio”, mas apenas para pedir informações.

 

Carlos prestou depoimento na Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o filho 03, também será ouvido pelos investigadores. A oitiva está prevista para a terça-feira (22). O interrogatório foi realizado pela delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro, encarregada de conduzir as investigações do inquérito que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal), a pedido da PGR (Procuradoria Geral da República).

 

No início da oitiva, Carlos foi informado do seu direito de permanecer calado e de não responder a perguntas ou de responder a algumas e se calar em outras. O vereador não se furtou a responder aos questionamentos. O vereador foi perguntado sobre a utilização de robôs para impulsionamento de informações em redes sociais envolvendo memes ou trabalhos desenvolvidos pelo governo federal. Ele então respondeu “jamais fui covarde ou canalha a ponto de utilizar robôs e omitir essa informação”.

 

O inquérito em questão foi aberto em 21 de abril pelo ministro Alexandre de Moraes e mira integrantes da militância bolsonarista que participaram de manifestações com pautas favoráveis ao AI-5 e ao fechamento do Congresso e do STF. Moraes já determinou mandados de busca e apreensão, quebra do sigilo bancário e outras diligências contra dez deputados federais, um senador e diversos outros apoiadores do chefe do Executivo.

 

A PF perguntou sobre a relação de Carlos com Fábio Wajngarten, secretário-executivo do Ministério das Comunicações. O vereador disse que o conhece, mas não tem relação profissional ou pessoal com ele.Afirmou que Wajngarten “encaminha de forma habitual prévias de possíveis manchetes do dia seguinte nos meios de comunicação”. O filho 02 foi questionado sobre sua eventual ligação com assessores da Presidência da República apontados como integrantes do chamado “gabinete do ódio”.

 

O grupo, tutelado por Carlos, é responsável por parte da estratégia digital bolsonarista. A existência do gabinete foi revelada pelo jornal Folha de S.Paulo no dia 19 de setembro do ano passado. O jornal mostrou que o bunker ideológico está instalado numa sala no terceiro andar do Palácio do Planalto, a poucos passos do gabinete presidencial.?

 

Ele disse que mantém contato com José Matheus Salles Gomes , um desses assessores, “em razão de solicitações realizadas pelo declarante [Carlos] no tocante a fornecimento de informações relacionadas aos trabalhos desenvolvidos pelo governo federal”. E que usa as informações para “divulgação nas suas redes sociais, uma vez que as redes sociais do declarante tem alcance maior do que de muitos órgãos do governo federal”.

 

Explicou que conheceu José Matheus por volta de 2010 ao saber de uma página mantida por ele no Facebook denominada “Bolsonaro Zueiro”, na qual eram divulgados memes relacionados ao seu pai, que despertavam interesse dos usuários. Além de José Matheus, a polícia quis saber sobre a relação do vereador com Tércio Tomaz Arnaud, outro assessor da Presidência suspeito de participar do chamado “gabinete do ódio”.

 

Ele respondeu que foi apresentado a Tércio Arnaud pelo próprio pai em 2017, em razão do conhecimento do assessor da Presidência em redes sociais e que, posteriormente, ele foi lotado em seu gabinete na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. A delegada Denisse Ribeiro perguntou ao vereador sobre seu conhecimento em relação às informações constantes de recente relatório divulgado pelo Facebook, elaborado pela organização Atlantic Council.

 

A empresa afirmou que removeu uma rede com 73 contas ligadas a integrantes do gabinete do presidente Jair Bolsonaro, seus filhos e aliados. Parte delas promovia propagação de ódio e ataques políticos. O Facebook e o Instagram identificaram páginas e contas com conteúdo de ataques a adversários políticos feitos por Tércio.

 

Carlos disse que desconhece tal relatório, porém tem ideia do assunto por meio da mídia e redes sociais. A respeito de perfis falsos para a divulgação de determinados conteúdos, ele respondeu “que tem conhecimento a respeito do tema em razão de divulgações realizadas pela deputada federal Joice Hasselmann com a utilização de assessores para atacar adversários políticos tais com a [deputada federal] Bia Kicis e o declarante [Carlos]”.

 

Em abril, a Folha de S.Paulo revelou que a PF investigava a atuação de Carlos no esquema das fakenews, em inquérito sobre notícias falsas que tramita no STF e que também é relatado por Moraes. Sobre um terceiro assessor da Presidência apontado como integrante do “gabinete do ódio”, Carlos disse que tem ciência de Mateus Matos Diniz em relação com a assessoria da Presidência e que o conheceu por intermédio de José Matheus durante uma viagem pessoal.

 

Carlos negou qualquer relação com a criação ou divulgação de conteúdo caráter antidemocrático. Disse que não conhece Sara Giromini, conhecida como Sara Winter e apontada como líder do grupo de extrema-direita 300 do Brasil, e o jornalista Oswaldo Eustáquio, apoiador do presidente Bolsonaro. Entre outras pessoas, Sara e Oswaldo foram presos por ordem do ministro Alexandre de Moraes no inquérito dos atos democráticos após uma série de manifestações na Esplanada dos Ministérios, com ataques verbais a integrantes do STF e do Congresso Nacional.

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