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BAHIA: O DESAFIO DE RUI COSTA

Publicado em: 11/1/2015

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Por Romulo Faro

Herdeiro do espólio político de Jaques Wagner, o novo governador da Bahia, Rui Costa (PT), considera que recebeu a administração do maior estado da região Nordeste em situação equilibrada, mas não se furta de admitir dificuldades financeiras à vista e, assim como praticamente todos os governadores eleitos e reeleitos, já anuncia arrocho nos gastos públicos e faz perspectivas com metas a serem alcançadas por todas as 24 secretarias estaduais.

Na área financeira, o desafio é grande. O Estado da Bahia fechou 2014 com um déficit de R$ 2 bilhões na Previdência. Com corte de secretarias e de autarquias e privatização de empresas estatais, como a Ebal (Empresa Baiana de Alimentos), que administra a rede de supermercados Cesta do Povo, Rui pretende economizar R$ 200 milhões por ano. Ele diz que resolverá o déficit previdenciário “com controle das despesas, onde se incluem medidas preventivas como recadastramentos anuais dos beneficiários, auditorias específicas e na busca de recursos alternativos para fazer face aos pagamentos dos benefícios”.

O petista diz ainda que fará uma reforma da Previdência que abrangerá todos os servidores efetivos a partir de sua regulamentação. O novo regime, chamado de Previdência Complementar, será facultativo e aplicado apenas aos servidores que receberem acima do teto (R$ 4.390,24) do Regime Geral de Previdência Social.

Mas o novo governador tem ainda outra área que merece sua dedicação imediata. Pedra no sapato de Jaques Wagner, os números negativos da segurança pública são pesadelo para Rui Costa. O índice de homicídios na Bahia saltou de 24,8 por 100 mil habitantes em 2007 (início do governo Wagner) para 34,4 em 2013. A primeira medida a ser adotada pelo governador é retirar cerca de 4 mil policiais militares, segundo ele, de funções administrativas em todo o Estado, e devolvê-los às ruas. Rui aponta o tráfico de drogas como grande responsável pelos índices de violência no Estado.

“As taxas de homicídio apontam para uma guerra civil. Porém, se olharmos o perfil desses dados, veremos que mais de 80% dos homicídios está vinculado ao tráfico de drogas. As outras motivações são muito pulverizadas”, disse o governador em entrevista ao jornal Valor Econômico na sexta-feira (9). Ele reconhece também a “necessidade” de fazer concursos públicos para aumentar o efetivo de soldados nas ruas.

A educação também não está em seus melhores níveis na Bahia. O estado aparece com a segunda pior média do Ensino Médio entre todas as unidades federativas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

“O conhecimento é cumulativo. Por isso assumo a responsabilidade, independentemente de ser minha obrigação ou não, de liderar um pacto pela educação, onde o Estado vai colocar dinheiro para qualificar professores municipais e disponibilizar material didático para as prefeituras. Também quero fazer um trabalho grande de mobilização com viés motivacional”, diz Rui.
Outro ponto crucial para o governador da Bahia, assim como para todos os outros, é a saúde. O Estado tem déficit de leitos de UTI como chaga e a regulação ainda não funciona bem.

E para fechar a conta, restam a Rui ainda os desafios político partidários. Rui Costa foi eleito, como ele próprio admite, principalmente pela força de Jaques Wagner e é este exatamente seu desafio: mostrar que seu governo tem identidade própria, ao contrário do que dizem seus opositores vorazes. As primeiras críticas aconteceram antes mesmo de ele tomar posse, já no anúncio de seus secretários. Rui manteve pelo menos um terço dos gestores de Wagner e resgatou alguns secretários do primeiro mandato de seu antecessor. Ele não admite explicitamente, mas muitas das indicações se deram por conta dos acordos com os partidos que compõem sua base.

Mas a aparência de continuidade do governo Wagner não incomoda Rui. Ele admite que, do ponto de vista político, sua principal missão é a de manter a força do PT e de sua base e, sobretudo, barrar o ‘fenômeno’ ACM Neto (DEM), prefeito mais bem avaliado do Brasil e ameaça iminente ao PT em 2018.

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